March to socialism
Publicamos a continuação da nova declaração do grupo March to Socialism da Coreia do Sul, que a Fração Trotskista - Quarta Internacional vem mantendo trocas políticas e debates fraternos. Esta declaração de 5 de dezembro propondo uma saída desde os trabalhadores e setores populares para que a crise política não caia nas mãos do Congresso ou do Tribunal Constitucional.
O regime político da Coreia do Sul está buscando as formas de pelo alto encerrar a crise aberta com a imposição da Lei Marcial e a tentativa de auto-golpe do presidente Yoon Suk-yeol. Enquanto o congresso quer votar um impeachment para deixar seu lugar para o primeiro ministro Han Deok-soo, outros esperam que se abra uma investigação desde o Tribunal Constitucional. O March to Socialism propõe que deve-se tirar o presidente a partir de greve geral e mobilização popular.
Deixaremos nosso destino nas mãos da Assembleia Nacional (Congresso) e entregaremos o poder ao primeiro ministro Han Deok-soo?
Esperar que a Assembleia Nacional destitua Yoon Suk-yeol é perigoso. O governo do Partido do Poder Popular (PPP) decidiu se opor ao impeachment em uma tentativa de distender a situação política mediante a renúncia de alguns ministros. O partido está disposto a compartilhar o destino do governo de Yoon Suk-yeol. Mesmo que alguns deputados do partido no poder votem a favor do impeachment e a Assembleia Nacional aprove o processo, haverá muitos problemas.
Se aprovam o impeachment, a autoridade do presidente se transfere ao primeiro-ministro, que estava ciente e discutiu sobre a implementação da lei marcial de emergência com Yoon Suk-yeol em uma reunião de gabinete, mas não revelou ao público. Han Deok-soo também é um inimigo declarado dos trabalhadores e do povo: nunca se opôs, nem uma só vez, a todas as arbitrariedade e ataques aos trabalhadores que Yoon Suk-yeol cometeu. Devemos dar o poder a uma pessoa que dirigiu todas as atrocidades da administração de Yoon Suk-yeol, incluindo os ataques ao sindicato de logística e transporte utilizando a ordem de retomada do trabalho, a proibição de greve dos trabalhadores subcontratados em Daewoo Shipbuilding, o mesmo que impulsionou a semana de trabalho de 69 horas, a redução dos salários reais, a escalada da crise da guerra e o ataque às mulheres e minorias? Não! Todos aqueles que têm servido à administração de Yoon Suk-yeol devem ser punidos.
Esperaremos a decisão unânime do Tribunal Constitucional?
Do outro lado estão os tempos e mecanismo do Tribunal Constitucional para ditar o impeachment. O Tribunal Constitucional atual é um sistema de seis membros de um total de nove membros. Segundo a Lei do Tribunal Constitucional, ao menos sete juízes devem participar da audiência de um caso. Mesmo se o caso possa ser ouvido e decidido dependendo da interpretação, a decisão de impeachment precisa ter a aprovação dos seis membros. Se apenas um dos membros vota contra, Yoon Suk-yeol, que planejou uma rebelião contra o povo, regressa ao seu posto no mesmo dia.
Também há a questão do tempo. Mesmo a luta para destituir a ex-presidenta Park Geun-hye de seu cargo, passaram mais de três meses desde a acusação do impeachment de 9 de dezembro de 2016 até a decisão do Tribunal Constitucional do impeachment de 10 de março de 2017. O período máximo para decidir sobre o impeachment do presidente é de 180 dias. Ficaremos de braços cruzados enquanto a administração de Yoon Suk-yeol está no poder durante este tempo? Não! Temos que tirar já o governo de Yook Suk-yeol, um inimigo declarado dos trabalhadores e do povo que não pode ser tolerado nem um dia a mais, com a luta operária e popular.
Nossa luta não é um meio para alcançar o impeachment! Aprofundamos a greve geral dos trabalhadores e a mobilização popular sem vacilar!
Os trabalhadores e o povo já estão estendendo a resistência. Agora que o grito pela derrubada de Yoon Suk-yeol está se expandindo por todo o país, o que é mais importante é a expansão em grande escala da greve geral por parte da Confederação de Sindicatos da Coreia (KCTU). A chave da luta para tirar abaixo o governo reside na realização de uma greve geral de tempo indeterminado.
No marco da KCTU, o Sindicato de Trabalhadores Metalúrgicos da Coreia (KMWU) tem decidido realizar uma greve geral de mais de duas horas cada dia, em turnos do dia e da noite respectivamente, nos dias 5 e 6 de dezembro, e uma greve de tempo indeterminado a partir do dia 11 se Yoon Suk-yeol não renuncie. O Sindicato de Trabalhadores de Transportes e Serviços Públicos da Coreia (KPTU) decidiu lançar uma campanha para destituir Yoon Suk-yeol, começando com uma greve de Sindicato de Trabalhadores Ferroviários da Coreia dia 5 de dezembro e focando nas greves do Sindicato de trabalhadores da Corporação de Trânsito de Seul e do Sindicato Nacional de Trabalhadores Auxiliares da Educação no dia 6 de dezembro.
A greve geral da KCTU não pode ser um meio para pressionar pelo impeachment. Deve se posicionar como um meio mais eficaz para que os trabalhadores e o povo levem a baixo o regime. Devemos combinar as greves parciais e as manifestações locais em direção a uma greve geral política e a resistência de todo o povo em nossa própria região e lugar para derrubar Yoon Suk-yeol.
Devemos impulsionar uma greve geral de trabalhadores sem vacilações!
Agora, então, uma greve geral dos trabalhadores não é algo que se pode fazer ou não.
Yoon Suk-yeol não renunciará por conta própria. Além disso, como demonstra a declaração de Han Dong-hoon de que “fará todo o possível para evitar que se aprove o impeachment do presidente Yoon”, também tem poucas possibilidades de que o partido no governo perca votos. Pensar em uma greve geral só com a condição de caso “a acusação da Assembléia Nacional fracasse” ou “se Yoon Suk-yeol não renunciar” só conduzirá a derrota da luta pela derrubada de Yoon Suk-yeol.
A situação atual está cheio de incertezas, a única arma para sair da situação é a ampliação da greve geral da KCTU. Os trabalhadores não são só uma variável a mais dentro da equação. Estar nas ruas é a chave! A greve geral da KCTU não é algo que se pode ou não fazer, mas uma tarefa que deve ser realizada. Em particular, a greve geral por tempo indeterminado de KMWU programada para iniciar dia 11 não é uma “luta que deve se travada se Yoon Suk-yeol não renunciar”, mas uma luta que deve se realizar para derrubar Yoon Suk-yeol.
Os trabalhadores combativos devem unir-se para levar a baixo o Yoon Suk-yeol.
Os trabalhadores combativos devem se apresentar como os setores mais decididos para realizar uma greve geral política para derrotar o regime. Em primeiro lugar, devemos colocar uma posição que chame uma greve geral para derrubar Yoon Suk-yeol, independentemente se se trata de um sindicato, uma organização de base ou grupo pequeno.
Em segundo lugar, não sigamos simplesmente as diretrizes dos sindicatos industriais, mas que devemos nos converter no corpo principal da luta desde abaixo para derrubar Yoon Suk-yeol. Precisamos ampliar nossa presença através da propaganda em cada local de trabalho. Convencer nossos companheiros de trabalho do porquê necessitamos de uma greve geral e discutir como implementá-la no local de trabalho.
Em terceiro lugar, devemos ir além dos muros das fábricas. Combinemos as lutas no local de trabalho e as regiões próximas. Através deste processe, ampliemos a solidariedade de todos os trabalhadores da região e para fundir a greve geral e o levantamento popular em um.
Derrubar Yoon Suk-yeol e lutar por nossos direitos são a mesma coisa: que a classe trabalhadora se ponha à cabeça dessa luta histórica!
Há muitas outras razões além da loucura da lei marcial para derrubarmos Yoon Suk-yeol. Tem tido muita repressão, além da redução dos salários reais, um déficit de 60 bilhões de wones nas receitas fiscais de 2023 devido a um corte massivo de impostos para os ricos que equivale a 30 bilhões de wones em 2024, a expansão dos trabalhadores terceirizados e precarizados, a promoção de uma semana de 69 horas de trabalho, os ataques aos sindicatos da construção e logística mediante ordem de retorno do trabalho e a supressão de greves para trabalhadores subcontratados em Daewoo Shipbuilding.
Não estamos lutando para que o poder acabe sendo uma administração de Lee Jae-myung [o líder do principal partido de oposição]. Derrubemos Yoon Suk-yeol com o poder dos próprios trabalhadores, sem depender do impeachment da oposição. A única forma de conquistar uma mudança real é através de uma greve geral da classe trabalhadora e da resistência de todo o povo.