Revista Casa Marx

O que há por trás da parceria UFRN com universidades israelenses?

João Paulo de Lima

Neste texto queremos denunciar as relações e parcerias da UFRN com o criminoso Estado de Israel, responsável pela barbárie e genocídios do povo palestino, escancarando como a UFRN, sua reitoria, bem como a governadora Fátima Bezerra (PT), através destas parcerias e acordos, acabam compactuando e sendo coniventes com a limpeza étnica realizada por este estado com o apoio dos Estados Unidos e de todo o imperialismo, em meio ao recente sequestro da Flotilha da Liberdade, grupo de ativistas para ajuda humanitária em Gaza, com 12 ativistas, entre eles o brasileiro Thiago Ávila e a sueca Greta Thunberg. Com isso, defendemos arrancar através da luta a ruptura imediata das relações da UFRN com Israel, bem como do governo Lula-Alckmin com este mesmo Estado. Neste sentido, tentaremos recuperar as relações da UFRN com Israel, recuperando o que conseguimos achar por meio de pesquisa na internet o que descobrimos sobre os acordos, parcerias e diálogos da UFRN com Israel, escancarando como as pesquisas desenvolvidas dentro de nossa universidade, uma universidade financiada com dinheiro da classe trabalhadora, não estão a serviço desta mesma classe trabalhadora, mas a serviço de interesses nefastos dos capitalistas, responsáveis pelo genocídio do povo palestino, mas também dos problemas sofridos pela classe trabalhadora e o povo pobre potiguar, como as situações de crise hídrica, a seca, a fome, as enchentes, a falta de infraestrutura, a violência policial racista, a falta de mobilidade urbana, entre outros problemas.

A partir de muitas das pesquisas colocadas neste texto, queremos defender que as pesquisas desenvolvidas nas universiades estejam a serviço da população trabalhadora e do povo pobre, e o fato de não estarem é revoltante. Ao contrário de estar sendo utilizado para legitimar o suposto “moderno” e “sustentável” Estado sionista de Israel, esses conhecimentos deveriam estar sendo subvertidos para atender as necessidades das massas trabalhadoras e populares, mas para isso é necessário defender a expropriação e estatização dos meios de pesquisa, sob controle dos pesquisadores e trabalhadores envolvidos. 

Neste sentido é fundamental o trabalho realizado pelos terceirizados da limpeza, como por exemplo os da Soll na UFRN, e os terceirizados da construção, que na UFRN são contratados pela GA Serviços. Sem estes trabalhadores, nada funciona na universidade. Muito menos os laboratórios e espaços de desenvolvimento tecnológico. Por isso é fundamental a defesa do fim da terceirização, efetivando os terceirizados sem necessidade de concurso público, pelo fim da reitoria e gestão da universidade por estudantes, professores e trabalhadores, o fim do vestibular e a estatização das universidades privadas. Estas propostas programáticas são para nós parte de responder efetivamente e dar uma saída às contradições que queremos apontar neste artigo.

Nossa pesquisa online nos revelou que, ao que até podemos saber (já que é possível que hajam fontes inacessíveis públicas que apontem relações há mais tempo),  os diálogos iniciais da UFRN com Israel se iniciaram em 2015, quando ocorreu o 3° Simpósio Brasileiro do Potencial Energético das Microalgas, junto com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), do governo Dilma (PT), que tratou sobre o cultivo de microalgas para a produção de biodiesel, contando com a presença do professor Sammy Boussiba, professor do Jacob Blaustein Institute for Desert Research e pesquisador da Universidade Ben Gurion do Negev, Israel, que palestrou sobre o Cultivo de Microalgas no Deserto, abordando o cultivo em áreas improdutivas.

Estudantes das áreas biológicas afirmam que não há nenhuma pesquisa em comum entre a UFRN e Israel sobre as microalgas, mas esse simpósio mostra a busca por essa aproximação, em que foram abordadas “discussões sobre mercado, viabilidade e pesquisa com biodiesel produzido a partir de microalgas. De qualquer modo, como citaremos mais abaixo, a ex-reitora da UFRN chegou a afirmar que a UFRN já tinha parcerias com universidades de Israel, e logo em 2016 se iniciaria um convênio com a universidade Ben-Gurion.

Seguindo a ordem cronológica, também descobrimos que em 2016, durante o governo golpista de Michel Temer, a UFRN e o Estado genocida de Israel assinaram um “acordo para desenvolvimento sustentável”, que contou com a presença da ex-Reitora da UFRN, Ângela Maria Paiva Cruz e o Reitor da Universidade de Israel.

O link para ver os acordos de cooperação internacional da UFRN pode ser acessado aqui, onde será possível ver que o acordo da UFRN com a universidade israelense Ben-Gurion segue ativo, como demonstra o documento digitalizado em que se estabelecem as cláusulas do acordo, com assinatura da ex-reitora e do então reitor da Ben-Gurion.

No mesmo ano também aconteceu a palestra “Cooperação UFRN x BGU (Israel): propostas de cursos e práticas para pós-graduandos”, em que se discutiu a parceria da UFRN com pesquisadores da Ben Gurion University (BGU) – Israel.

Já em 2017 houve uma audiência pública na Câmara Municipal da cidade de Grosso (RN) sobre a Agricultura no Negev e as possibilidades para o semiárido do RN; a experiência dos Kibbutzim em Israel; Extração de Potássio e Magnésio do Mar Morto; Consumo de Artêmias Salinas em Israel, da pesquisadora Drª Isabel Portugal.

Em 2018 a UFRN recebeu a visita do embaixador de Israel no Brasil, Yossi Shelley, que tinha como objetivo estreitar “parcerias científicas” entre a UFRN e o Estado de Israel. A ex-reitora chegou a lembrar que a UFRN já possui parceria com pesquisadores de Israel e um convênio com a Universidade Ben-Gurion.

No mesmo ano, também ocorreu a palestra “Israel e suas conquistas”, realizada pelo embaixador Yossi Shelley, realizando a abertura da 35ª edição do Motores do Desenvolvimento do Rio Grande do Norte, no auditório da Fiern.  Sob o tema “Israel e suas conquistas”, Yossi Shelley destacou que com o alto investimento em pesquisa e desenvolvimento, Israel transformou-se em uma “referência” no manejo de água:

“O nosso território é composto por deserto e semiárido. Com 9 milhões de habitantes e com uma precipitação pluviométrica de 500 milímetros anuais, estamos aproximados ao cenário que aqui existe. Assim, precisamos utilizar a água de maneira plenamente eficiente. Para terem ideia, conseguimos que 85% da água de esgoto seja reutilizada e desenvolvemos tecnologia de ponta para dessalinização. Isso impacta diretamente na agricultura, por exemplo. Preciso frisar que a nossa ideia é compartilhar essas experiências e tecnologias”

A atividade foi promovida não só pela UFRN, mas por grandes setores do empresariado e da burguesia, como o Sistema Fecomércio RN, o jornal Tribuna do Norte, Sistema Fiern, Ministério Público e RG Salamanca Investments, a ex-reitora Ângela, e também com exposição do diretor presidente da Agrícola Famosa, Luiz Roberto Barcelos, que discutiu o “Caso de sucesso no semiárido brasileiro”, entre outros membros do agronegócio e do empresariado.

Além disso, a governadora Fátima Bezerra prestigiou o evento, mostrando o seu alinhamento com os interesses dos capitalistas, como se pode ver no tuíte abaixo:

Antes de realizar sua palestra o embaixador visitou o Instituto Metrópole Digital (IMD), Instituto de Medicina Tropical (IMT) e o Instituto de Física (IF). A visita serviu para demonstrar a estrutura das instituições da UFRN para pensar em parcerias com o governo israelense. Foram debatidas cooperações na área de educação em saúde tanto com o governo quanto com a iniciativa privada de Israel. “O próximo passo é encaminhar uma visita dos pesquisadores do LAIS a Israel, onde poderão ser encaminhadas essas parcerias”, disse o embaixador.

Até aqui, podemos ter algumas conclusões sobre estas pesquisas. Tratam-se de pesquisas “sustentáveis” que não é nada mais do que a demagogia hipócrita do “capitalismo verde”. São pesquisas feitas à serviço dos mesmos empresários, capitalistas e defensores do agronegócio que historicamente geraram a concentração de terras no RN e no nordeste, a seca no semiárido, a falta d’água no nordeste, como é o caso da FIERN, da Fecomercio, patronais da elite burguesa e escravocrata do nosso país, sempre ao lado das oligarquias. 

Além disso, o território em que as universidades israelenses realizam suas “pesquisas” são territórios antigamente ocupados pelo povo palestino, e portanto não são território “de Israel”. Na realidade, foram territórios tomados à força e violentamente, como é o caso do território do Negev, região árida no sul de Israel que ocupa quase metade da Palestina a oeste do Rio Jordão e cerca de 60% do território israelense sob as fronteiras de 1949-67. Seus antigos moradores pertencem originalmente à família al-Jahalin, povo tradicional beduíno expulso do Deserto de Negev pelo recém-formado Estado de Israel, durante a primeira Nakba (1948). Desde então, todas as comunidades beduínas se estabeleceram próximas a Jerusalém Oriental, sendo alvos constantes de transferência forçada, confinamento e restrição de movimento. Essa expulsão também é realizada através do Kibbutz, que citamos mais acima.

Israel e UFRN se unem para dar uma cara mais humana ao capitalismo através de um falso discurso de “capitalismo verde”, se utilizando da situação de seca e de semiárido vivida tanto pelas famílias que vivem nas zonas rurais e no campo no RN quanto às custas das terras pertencentes originariamente aos povos palestinos. Por isso não devemos nos enganar, por trás de todo esse discurso “verde” e de “sustentabilidade”, está o genocídio de milhares de pessoas palestinas, bem como a situação de seca vivida pelo povo pobre potiguar e nordestino. 

Neste sentido, o povo pobre e trabalhador potiguar e os povos palestinos têm os mesmos inimigos, e por isso são aliados em uma luta contra o Estado de Israel bem como contra aqueles que realizam acordos com esse estado em nome da UFRN, fazendo com que os recursos públicos garantidos pelos trabalhadores nordestinos sejam utilizados não para resolver os problemas estruturais do RN, como a falta de infraestrutura hídrica, o desenvolvimento do campo, as reformas urbanas para evitar as enchentes, mas para fortalecer e limpar a cara do Estado de Israel, limpando a cara de Netanyahu e sua corja nas universidades e empresas israelenses, como se por tras dessas pesquisas não se escondesse o genocídio de milhares de crianças, idosos, mulheres palestinos, bem como de todo palestino.

Mas as “parcerias” vão além, se estendendo também para o campo da medicina e da tecnologia: Também em 2018, pesquisadores do Laboratório de Inovação Tecnológica da UFRN, o LAIS, participaram de reuniões e encontros no Ministério da Saúde e também na Embaixada de Israel no Brasil, onde se apresentaram projetos desenvolvidos pelo laboratório, com destaque para o “Um Anjo para ELA”, que foca em proporcionar mais qualidade de vida para pacientes com Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA).

Discutimos aqui cooperações entre o laboratório e instituições de ensino israelenses, como também com empresas daquele país, que são referência internacional no que diz respeito ao desenvolvimento de tecnologias. Esse caminho da internacionalização é movimento importante que o LAIS está realizando no âmbito da pesquisa no ensino superior no Brasil, e uma parceria com Israel tende a alavancar esse processo”, disse a equipe do LAIS.

Ainda em 2018, Além disso, a Fundação de Apoio à Pesquisa do Rio Grande do Norte (FAPERN), promoveu na Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Norte (Fiern), em Natal, a primeira edição do seminário Diálogos sobre Ciência, que teve o tema: “A Internet das Coisas e o Desenvolvimento do RN”, onde o ocorreu palestra do professor Ofer Hadar, da Universidade de Ben Gurion, que teve como tema “Riscos futuros da segurança cibernética no domínio IoT“. A palestra ocorreu no Instituto Metrópole Digital (IMD-UFRN), com a presença da ex-reitora Ângela Paiva.

No encontro se discutiu o estreitamento de “parcerias científicas” entre a UFRN e a Universidade Ben-Gurion, com perspectivas de colaboração nas áreas da saúde e do meio ambiente.

Também em 2018, o Laboratório de Inovação Tecnológica da UFRN (LAIS/HUOL/UFRN) participou de um encontro com Yossi Shelley. Foi pautado uma ida à Israel, que é tratado como suposta referência mundial no desenvolvimento de tecnologias e pesquisas científicas sobre Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA). Essa pesquisa buscou também aumentar as parcerias público-privadas, onde o fim sempre é o lucro dos capitalistas.

Em 2021, O LAIS (HUOL) recebeu a visita do titular da Embaixada de Israel no Brasil, Shmulik Bass. O embaixador elogiou o trabalho do laboratório e destacou que a importância de cooperações entre Israel e o Brasil. “Obrigado por me receberem aqui no LAIS. Fiquei muito impressionado com o trabalho e as pesquisas que vi aqui“.

O embaixador conheceu as tecnologias desenvolvidas no âmbito do projeto revELA, com ênfase em órteses, no sistema Autonomus, e em soluções para pacientes com esclerose lateral amiotrófica. Foram apresentadas ainda ações do projeto ‘Sífilis Não’, e também informações sobre cooperações e missões internacionais desenvolvidas pelo laboratório, como a realizada justamente em Israel, no ano de 2019.

O diretor do LAIS, professor Ricardo Valentim, falou da importância da agenda desta terça, que consolida o esforço do LAIS no seu processo de internacionalização. “Isso coroa o nosso esforço em buscar cooperações intercionais, fortalecendo a pesquisa e colocando o nome do Brasil entre os principais players internacionais na área da pesquisa em tecnologia. Na área da tecnologia em saúde, Israel tem muitos pontos de convergência com o que fazemos aqui. Então receber esta visita permite abrir novas parcerias e cooperações com as instituições israelenses nesta e em outras áreas, como inteligência artificial e saúde 4.0″, afirmou.

O embaixador foi recepcionado por uma equipe de dirigentes do IMD, que apresentou vários aspectos da atuação da unidade, desde as suas atividades de formação acadêmica, passando pelo incentivo e apoio ao empreendedorismo, até as possibilidades de parceria para projetos de Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação (PD&I).

Comentando sobre o encontro, o então diretor do IMD Rodrigo Romão afirmou: “Enxergamos muitos pontos de convergência com aquilo que Israel tem feito na área de TI, portanto, visitas como essa nos permitem pleitear parcerias e cooperações com as instituições israelenses em diversos pontos de interesse, como Cibersegurança, Inteligência Artificial e Indústria 4.0

Em 2019, pesquisadores do LAIS e do NAVI participaram de reuniões com professores de instituições de nível superior em Israel. O objetivo do encontro foi a colaboração entre as instituições no desenvolvimento de pesquisas sobre MicroRNA para o tratamento do câncer e esclerose lateral amiotrófica (ELA).

Em uma matéria de 2023, também descobrimos parcerias da UFRN com Israel em relação à imunoterapia, um tratamento fundamental para pessoas vítimas do câncer, que se utiliza do GENerator of T cell receptor repertoire features for machine Learning (Gentle), um aplicativo de código aberto que fornece meios para analisar dados e extrair biomarcadores, a fim de melhorar as perspectivas do tratamento da doença. Desenvolvido com apoio computacional do Núcleo de Processamento de Alto Desempenho (NPAD/UFRN), a pesquisa utiliza aprendizado de máquina (machine learning) para construir classificadores e compará-los para entregar os melhores resultados.

Sendo desenvolvido pelo Programa Institucional de Internacionalização (Print/UFRN), o projeto se desenvolveu com a colaboração do centro de bioinformática do Instituto Metrópole Digital (IMD/UFRN) e da Universidade Bar-Ilan de Israel.

O Gentle aplica metodologias de inteligência artificial em receptores de células T (TCR), que são moléculas importantes no tratamento do câncer e podem ser usados para ajudar no diagnóstico e distinguir os resultados de diferentes tratamentos. Com ajuda desses receptores, é possível saber qual tratamento está surtindo o efeito esperado ou não. A ferramenta permite que o médico ou pesquisador possa avaliar os dados de sequenciamento genético de um paciente e prepará-lo para a aplicação de novos procedimentos.

Para isso, vem sendo usado o supercomputador do NPAD, um instrumento utilizado por diversos pesquisadores da UFRN para avançar pesquisas que exigem grande poder computacional.

Com isso, podemos dizer o quanto é revoltante que a UFRN e as universidades de Israel estejam juntas para realizar o desenvolvimento de tecnologia realizado à um tema de saúde tão sensível como é o caso da esclerose, com a utilização da tecnologia de ponta desenvolvida no LAIS, bem como no IMD, garantidos somente com o dinheiro público do trabalhador, ao mesmo tempo que o atendimento médico e ajuda humanitária mínimos sequer são garantidos para os palestinos na Faixa de Gaza e em outras regiões da Palestina, ao mesmo tempo em que no RN é conhecida da população à precariedade ao que é relegado os hospitais públicos, sempre superlotados e carentes de insumos. “Pesquisas” medicinais que se ligam à empresas do setor privado do Estado que comete o maior genocídio da nossa época e os priva de qualquer assistencia medicinal.

Voltando à questão ambiental, em 2019, foi discutido o cultivo do cártamo no semiárido nordestino para a produção de biocombustíveis como biodiesel ou bioquerosene, como parte um projeto coordenado pela UFRN, em parceria com o IFRN e com a Ben-Gurion University, de Israel, e financiado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).

A pesquisa com o cártamo conta com pesquisadores da Ben-Gurion University, que aprimoraram o desenvolvimento do cártamo no deserto israelense. A pesquisa segue até hoje, como atesta este documento que pode ser acessado aqui, e que tem vigência até 12 de setembro de 2026. O documento é assinado pela secretaria do MCTI do governo Lula-Alckmin, quanto pelo atual reitor Daniel Diniz. No documento pode ser lido sobre a parceria da UFRN com a BGU:

“Para tanto, essa pesquisa contará com a parceria de duas instituições internacionais: Universidade de Ben-Gurion (BGU) em Israel e o Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG) Portugal. A BGU é líder em inovação científica e pesquisa em ciências aplicadas. É uma das principais universidades da Ásia e reconhecida por sua pesquisa e desenvolvimento tecnológico com ambientes áridos e semiáridos. O LNEG é um laboratório de reconhecida experiência em inovação na área de cultivo de microalgas como bioestimulantes da agricultura, coordenador da rede de pesquisa ibero-americana na área citada. Os parceiros internacionais contribuirão com a inovação tecnológica do projeto, quanto aos parâmetros de cultivo do cártamo em semiárido, visando o aumento da produtividade em campo, bem como o avanço das pesquisas com oleaginosas no Brasil”.

Segundo o mesmo documento, a pesquisa visa “a produção de grãos e óleos para indústrias de biocombustíveis e desenvolvimento regional”, em que “indústria”, como demonstra as reuniões com setores como FIERN e Fecomércio, só pode significar o setor privado. Assim, o dinheiro público é usado para desenvolver pesquisas, conhecimento, patentes etc. que vão para as mãos dos setores privados, para a mãos dos capitalistas, que querem vender a ideia de um “ecocapitalismo sustentável” apenas para esconder a sua destruição sistemática do meio ambiente no mundo todo. 

Inclusive no governo Bolsonaro, por meio do MCTI, já se havia renovado a parceria com a BGU, no final de 2022, como pode ser visto aqui, dando continuidade ao acordo que já tinha sido realizado em 2017, durante o governo golpista de Michel Temer: “Parte desses resultados promissores com o cártamo foram obtidos em parceria científica da coordenadora do projeto (UFRN), com professores pesquisadores da Ben-Gurion University (BGU) em Israel, uma exitosa parceria firmada sob financiamento do MCTI desde 2017”, afirma o documento.

Neste sentido, o governo Lula-Alckmin, bem como o reitor Daniel Diniz, dão continuidade aos acordos que o governo golpista de Temer e o governo reacionário, negacionista e de extrema-direita de Bolsonaro realizou, este sendo bastante alinhado com as pautas políticas e ideológicas de Israel e sua extrema-direita nojenta, inimiga do povo palestino.

É importante lembrar que Ben-Gurion é o nome de uma das figuras fundadoras do sionismo e considerado o fundador do Estado de Israel em 1948, tendo sido chefe-executivo da Agência Judaica. De 1948 até sua aposentadoria em 1963, exceto por um breve intervalo no início da década de 1950, Ben-Gurion, um “socialista”, serviu como primeiro-ministro e ministro da Defesa de Israel. Esta figura grotesca que dá nome a universidade ao qual a UFRN se associa, já chegou a fazer a seguinte declaração em 1928: “Para manter a paz no país, para proteger as massas de fellahs (camponeses) dos grandes proprietários de terras, para garantir a imigração e o assentamento dos judeus e o direito a um Centro Nacional Judeu, é necessário manter o controle pelo poder mandatário” (!!!). 

No mesmo ano, a comitiva do LAIS da UFRN, juntamente com representantes do Núcleo de Inovação Tecnológica (Navi) do IFRN, participaram de uma reunião na Ben-Gurion University of the Negev, localizada na cidade de Berseba, no sul de Israel. A Universidade de Ben-Hurion possui um acordo de cooperação internacional em curso com a UFRN, estabelecido em 2016

Além do debate sobre pesquisas para o tratamento da Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) e do câncer, foram apresentados também projetos em desenvolvimento tanto da instituição israelense, como também do NAVI e do LAIS. 

Durante o encontro, foram realizados encaminhamentos para o estabelecimento de acordos de cooperação em pesquisa e intercâmbio de pesquisadores, além de um convite feito pela Comitiva do Navi, aos pesquisadores da Universidade de Ben-Gurion, para que viessem ao estado do Rio Grande do Norte tomar conhecimento da Instituição Federal do estado e dos projetos de pesquisas desenvolvidos no Núcleo e no Instituto

No ano de 2020, o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), localizado em São José dos Campos (SP), realizou a reunião de kick-off do projeto ITASAT 2. Além de diversas instituições e autoridades do Estado brasileiro, a UFRN também se fez presente, em um evento que contou com diversas empresas e setores à serviço do imperialismo norte-americano e do genocida Estado de Israel, como a NASA e o Technion (Instituto de Tecnologia de Israel). Esta reunião foi muito significativa, marcou o início de um projeto ambicioso, realizado em parceria entre Brasil, Estados Unidos e Israel, e demonstra o reconhecimento de nossa competência e potencial para atuação nas atividades da área aeroespacial”, comentou o Reitor do ITA.

ITASAT 2 é um projeto de voo de formação de três satélites para fazer investigações científicas e tecnológicas na ionosfera. Trata-se de uma continuação da pesquisa iniciada com o projeto SPORT, um nanosatélite com a finalidade de investigar o clima espacial. A sua importância reside no fato da ionosfera ter uma influência muito grande nos sistemas eletrônicos atuais utilizados em nossa sociedade, tais como o GPS (que em português significa Sistema de Posicionamento Global), de comunicações e de transmissão de energia.

Em 2020, no artigo Habitat Marte Educational Program: Space, Sustainability and Agriculture for People (Programa Educacional Habitat Marte: Espaço, Sustentabilidade e Agricultura para Pessoas) do professor Júlio Rezende sobre o Habitat Marte, podemos ler mais sobre parcerias com o Estado de Israel, inclusive sobre simulação de viagens espaciais para Marte:

“Em 2019, vários parceiros internacionais foram selecionados para dar suporte à operação da estação de pesquisa Habitat Marte. Parcerias foram feitas com organizações da Europa, Estados Unidos, Israel e África. Abaixo está uma lista das sete parcerias internacionais que foram adotadas:

“Final Frontier Design (Estados Unidos), Mars Academy (Estados Unidos), Pneumocell (Áustria), Ramon Analog Station do Desert Mars – D-MARS (Israel), Human Planet Studio (Rússia), Microgravity Simulations Laboratory da Grécia na Newspace Society (Grécia) da Agência Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento Espacial – e NASRDA (Nigéria).  

“Considerando a Parceria Público-Privada (PPPs) na implementação da Agenda 2030, essas redes internacionais com HMEP poderiam oferecer às comunidades mais vulneráveis ​​diversas oportunidades e também contribuir para melhorar a sustentabilidade em todo o mundo.

“O HMEP busca se comunicar e coordenar com as esferas privada e pública, incorporando escolas locais, universidades e institutos federais para suas atividades”.

Em 2019 professor também deu uma entrevista sobre o Habitat Marte, projeto que elaborou uma estação de investigação que simula as condições do planeta Marte na zona rural de Caiçara do Rio do Vento, a 100 quilômetros de Natal.

“A região passou por uma seca severa nos últimos sete anos, condição que motivou a criação do Habitat Marte, para investigar o desenvolvimento de habitats autossustentáveis ​​que enfrentem as ameaças das mudanças climáticas”, disse o professor.

Sem apresentar nenhuma crítica a Elon Musk, bilionário de extrema-direita conhecido pelas suas posições asquerosas, que também apoia o genocídio do povo palestino, Julio Rezende diz sobre os planos de Musk para a colonização de Marte que “o empresário apresenta o cenário de que em breve nos tornaremos uma espécie multiplanetária. E isso é algo paradigmático”.

Essas pesquisas realizada na UFRN, sobre viagens a Marte, que nos chama atenção pela caráter acrítico e aparentemente positivo para com o reacionário e grotesco Elon Musk (que chegou a ser ministro do também grotesco Donald Trump),  e pelas suas parcerias com Israel, nos coloca para pensar até mesmo em um futuro distópico, inclusive pelo o que foi colocado pelas pesquisas em relação ao cártamo e irrigação no semiárido. Enquanto a crise climática no mundo todo aumenta como consequência da poluição causada pelo sistema capitalista, que tem como efeito as enchentes e alagamentos no nosso estado e também no outro lado do Brasil, como foi no RS, são realizadas pesquisas pensadas a nos “preparar” para viver em situações distópicas parecidas ao que seria viver em Marte, onde as condições de cultivo e de irrigação são mínimas. 

Nas mãos de capitalistas como Elon Musk e Israel, isso só pode significar o lucro com a escassez de água, de oxigênio e de dificuldade do plantio e cultivo de alimentos. A depender destes setores reacionários, nós trabalhadores e povo pobre teríamos que pagar para comprar oxigênio e respirar, semelhante ao que deseja o presidente argentino Javier Milei, adorador de Elon Musk e do Estado de Israel, que defende a “liberdade” da venda de órgãos do corpo humano.

 

 

Além disso, como se pode ver, a governadora Fátima se reuniu diversas vezes com embaixadores e membros do Estado de Israel, chegando inclusive a dizer que o Estado de Israel “têm dado lições ao mundo”, demonstrando de qual lado a governadora se colocou durante toda a sua gestão, alinhada com a Frente Ampla do governo Lula-Alckmin, que até hoje não rompeu relações com o Estado de Israel, que vende armas para o Brasil, armas estas que são utilizadas pela polícia militar para matar a juventude negra e pobre das periferias brasileiras.

Como apontamos, a unidade entre estudantes, professores, trabalhadores efetivos e terceirizados, junto com todos os trabalhadores e jovens de Natal, é o caminho para impor a ruptura completa e irrestrita da UFRN com o Estado de Israel, suas empresas, universidades e todas as instituições. 

Essa ruptura, imposta pela luta e unidade destes setores, pode ser um forte exemplo para as demais universidades do Brasil, se inspirando nos acampamentos da juventude pró-Palestina nos EUA e em outros lugares do mundo, bem como nos exemplos dos trabalhadores portuários que se recusam a exportar armas e bens que favoreçam o Estado de Israel, mostrando uma verdadeira solidariedade de classe.

Também defendemos a imediata libertação da Flotilha da Liberdade com Thiago Ávila, Greta Thunberg e ativistas pró-palestina que buscava criar um corredor humanitária para levar bens e alimentos à Faixa de Gaza.  

Essa luta precisa estar ligada também à luta pela ruptura imediata do governo Lula-Alckmin com o Estado de Israel, ligado também com o fato de que as armas deste Estado são as mesmas que matam a juventude negra no Brasil, o que torna essa ruptura ainda uma questão obrigatória e que não permite concessões.

Precisamos tomas as ruas do Brasil e do mundo contra mais este crime de guerra do estado sionista de Israel, e pelo fim do genocídio palestino!

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